Soja
Eduardo Vanin 
549
O tripé do Trump e o impacto para os grãos
Milho
Macro
Algodão
Trigo
Outros Ativos
Clima
Áudios
Vídeos
Seções
Relatórios
Cotações
Fertilizantes
Defensivos
USDA
Por: Eduardo Vanin
Artigo, Grãos
Publicado em: 11/04/2023 07:41
Destaques:
COMENTÁRIOS DA MANHÃ
ACOMPANHEM A LIVE DO USDA ÀS 12H55 NO INSTA DA AGRINVEST (@AGRINVEST)
Hoje é dia de USDA. Pontos importantes para esse relatório:
EUA: Queda dos estoques de milho e soja. Para a soja parece certa uma revisão para baixo nos estoques de passagem nos EUA. O relatório de estoques trimestrais trouxe um desaparecimento de soja acima do esperado durante o trimestre DJF, graças aos atrasos no Brasil e crescimento dos embarques americanos em janeiro e fevereiro. Para o milho as estimativas também são de corte nos estoques. Nesse corte eu não apostaria. As vendas na exportação aceleraram, mas devido às compras de quase 3 milhões de toneladas da China. Para chegar no número de exportação do USDA ainda faltam 10 milhões de toneladas. Isso quer dizer que os EUA precisam vender mais ou menos 500 mil toneladas por semana até o final de agosto. O milho da Ucrânia está muito barato, o milho argentino começou a vir para o mercado para embarque de abril a julho e os prêmios do milho brasileiro para embarque julho e agosto caíram pela metade em menos de 30 dias. Eu acho que o milho americano não tem muita chance.
Argentina: O USDA precisa cortar a produção de milho e soja. Precisa cortar a exportação de milho e de farelo de soja. No caso da soja, todos querem ver os números de processamento e exportação de farelo. Meu call é de exportação de farelo de soja em menos de 20 milhões de toneladas. Como comentei algumas vezes: as processadoras na Argentina provavelmente terão que parar no final do ano por falta de soja, até a entrada da safra do Paraguai e no MS no próximo ano. As apostas são de importação de 10 milhões de toneladas de soja. Eu já diria que não passa de 8 milhões. Falando com traders, fora as vendas de soja do PY e do MS, o resto está tudo parado. Eu pensava que o Uruguai iria exportar soja para a Argentina. Ontem uma processadora no Uruguai me falou que estão comprando do Brasil também. A soja no Uruguai está muito cara. E se o produtor argentino não vender tanto quanto se espera? Ontem um corretor argentino me falou que as vendas não estão fluindo, mesmo com o Soy Dollar 3. Além disso tudo, as margens na Argentina estão negativas.
Brasil: O USDA está com produção de soja em 153 milhões de toneladas. Vamos dizer que o USDA jogue 155 milhões, acompanhando o mercado. Não consigo ver o Brasil exportando mais soja do que os 92,7 milhões de toneladas. Lembrando que os números do USDA para o Brasil têm início no dia 1º de outubro. Dos 92,7 milhões de toneladas, o Brasil já embarcou 27,4 milhões de toneladas (outubro a março). Isso quer dizer que o Brasil precisa exportar quase 11 milhões por mês de abril a final de setembro. Isso não vai acontecer. Eu acredito que o USDA revisa a produção para cima, mas não terá muito como aumentar o processamento e as exportações. No relatório de março, o USDA projetou estoque brasileiro de soja em 1º de outubro em 31,5 milhões de toneladas, o maior desde 2017/18 – em 2018/19 foi o maior estoque de todos, mas o comportamento do mercado e dos preços foi totalmente diferente do normal devido à guerra comercial. Em uma temporada normal, o que acontece é que o programa americano de exportação não cresce tanto quanto se espera entre outubro e final de fevereiro. De fato, basta olhar para as vendas americanas de soja para a temperada nova – vendas de 1,7 milhão de toneladas contra quase 8,5 milhões no ano passado. O que está errado? São os prêmios americanos. Ofertas no Golfo para outubro e novembro a 280-298 acima do contrato novembro CFR China. Isso vai dar um flat price de $16,00 por bushel posto China. Hoje a China está comprando soja para embarque maio a $14,85 por bushel. Esse carry não atrai demanda. A curva está dizendo para a China fazer estoques no curto e não comprar no longo. Me parece que os prêmios nos EUA terão que fazer um grande trabalho para garantir um avanço rápido das vendas americanas quando a safra entrar.
Saiba mais em USDA: Estimativas para o relatório de O&D
Depois do relatório de hoje, o mercado se voltará ao clima. Como comentei ontem: Os mapas de clima continuam mostrando elevação das temperaturas e redução das chuvas. No Norte, elevação das temperaturas e zero nevascas para frente. Mas há um porém: as temperaturas médias no Norte irão girar perto dos 8 ◦C, o que me parece um lento processo de derretimento da neve à frente. Os mapas do NOAA mostram muita água em forma de neve, o recorde segundo seus dados – entre 1000 a 1500 mm. Certamente os campos não estarão em condições de plantio tão cedo. A especulação sobre a área final de milho e soja nas Dakotas e Minnesota será grande. A mesma situação para o trigo de primavera no Colorado e na Dakota do Norte. O mercado ainda não está falando sobre o plantio das culturas de primavera no Canadá. Lá o acumulado de neve é fora do normal também. Já para o Leste do Cinturão e Delta as condições de plantio são muito boas. Temperaturas em elevação e redução de chuvas. As temperaturas dos solos estão boas também. Muitos tweets de produtores ou plantando ou se preparando. Na semana passada o milho na CBOT caiu 17 centavos por bushel e os prêmios no Brasil para agosto 18 centavos de queda. Ontem o mercado começou a colocar nos preços a possibilidade de redução da área de milho no Norte e aumento da soja. O histórico não confirma esse cenário. Geralmente reduções da área de milho também são acompanhados de reduções de soja.
Saiba mais sobre o clima em Tour da semana 09/Abr
Os prêmios da soja parecem que não tem fundo. Ontem mais um dia de novas mínimas. O prêmio maio foi negociado a -147k. Nem em 2014 com waiting time de 114 dias em Paranaguá vimos prêmios tão descontados. A soja continua perdendo valor no interior e a janela vai se fechando. A demanda da China está presente, mas não o suficiente para absorver toda a soja ainda não vendida no Brasil. Essa é a sensação do mercado. Estou ouvindo gerentes de bancos no interior falando que produtores estão tomando linhas de financiamento. Me parece que a ideia é pagar contas com dinheiro do banco e continuar segurando a soja. Se a demanda da China melhorar e a safra americana for bem menor do que os números preliminares mostram, então pode dar certo. Não deixa de ser uma grande aposta.
Saiba mais em Brz market report
Rápidas da manhã: Bolsas em alta; China em queda; investidores confiantes na queda dos índices de inflação nos EUA; na China o cenário é completamente diferente – ociosidade e deflação; os dados do PPI e CPI confirmam que a economia da China está anêmica. A oferta de crédito está ampla, mas não está chegando nas mãos de quem quer consumir. Esse é um velho problema das economias planificadas – bancos emprestam para empresas do governo. É muito mais fácil e muito menos arriscado; petróleo subindo 0,8% a $80,6; ouro subindo 0,8% a $2011 a onça; o novo soy dollar na Argentina não atraiu grandes vendas de soja em seu primeiro dia; clima mais quente para todo os EUA para 15 dias mais chuvas para o Norte; na agenda temos CONAB (13) e USDA (11).
Ótima 2ª-feira a todos
ANEXO
1.Temperatura média nos EUA. Boas condições para o plantio
2
4
5,00