O mercado do milho está mudando
Após estancar cinco sessões seguidas de queda na véspera, o dólar comercial volta a recuar nessa quinta-feira, refletindo a decisão do Copom após o fechamento do mercado ontem. Com o movimento de hoje, a moeda norte-americana é negociada abaixo de R$ 5,30. Na mínima do dia bateu R$ 5,2700.
A queda de hoje reflete a manutenção do tom duro contra a inflação no comunicado da autoridade monetária brasileira na decisão do Copom de ontem, no qual manteve a taxa Selic inalterada em 15% ao ano (maior nível desde junho de 2006).
No comunicado, o Copom disse: “O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”.
E seguiu: “O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária. O Comitê seguirá vigilante, avaliando se a manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”.
A sinalização do Copom ontem à noite foi de que a taxa Selic seguirá no nível atual pelo menos até o início de 2026, o que manterá bastante atrativa a taxa de juros em nosso país para operações de carry trade (arbitragem de juros).
Com os EUA reduzindo a taxa de juros ontem e sinalizando mais duas quedas até o final desse ano, o Brasil mantendo a Selic estável nesse período, aumentará ainda mais o diferencial de juros entre os países, o que é benéfico para a valorização da moeda brasileira como observado na manhã dessa quinta-feira.
Por enquanto, o fundamento (taxa de juros muito atrativa e conta externa saudável) de queda segue prevalecendo, com os investidores ignorando a necessidade de um bom ajuste técnico nos gráficos diário e semanal do dólar futuro (DOLV25).
Ambos os gráficos estão sobrevendidos (IFR abaixo de 30 pontos). O gráfico diário está com IFR de 26 pontos e o semanal de 24,9 pontos. Ou seja, se faz necessário um repique para cima. Porém, para que isso ocorra é necessária alguma notícia negativa, algo que anda raro nesse mês de setembro.
O que pode desencadear o ajuste técnico que se faz necessário são novas sanções vindas dos EUA contra o Brasil. Segundo o secretário do governo norte-americano, Marco Rubio, o país prepara novas medidas contra o Brasi e deverá anunciar nos próximos dias. Atenção ao noticiário vindo da Casa Branca.