Prêmios da soja caindo forte hoje
A terça-feira é marcada negativamente para os ativos de risco, com bolsas de valores em queda e dólar em alta ao redor do globo. E aqui no Brasil não é diferente.
Porém, após um início de negócio mais nervoso, quando o dólar comercial bateu R$ 5,5020 na máxima do dia por volta das 10 horas da manhã, a moeda norte-americana passou a reduzir sua apreciação e agora opera com valorização mais modesta na casa de R$ 5,46.
Esse movimento do dólar comercial no Brasil acompanha diretamente o que ocorre no exterior. Mais cedo, o dollar IDX registrava alta de 0,70% e agora de 0,4%.
O dólar iniciou em forte alta, refletindo a preocupação dos investidores com a disparada do rendimento dos títulos soberanos da França, Reino Unido e Japão. A alta do rendimento desses papeis ocorre por conta da preocupação com a política fiscal desses países, que vem se deteriorando ainda mais nos últimos anos.
Além disso, outros dois pontos de cautela vêm dos EUA. O primeiro é sobre a independência do Fed, que vem sendo testada com críticas pesadas do presidente Donald Trump sobre a condução da política monetária pelo Banco Central norte-americano.
Trump briga na justiça para demitir uma das diretoras do Fed, Lisa Cook, sob a alegação de fraude hipotecária em compra de imóveis em 2021. Interferência de um governo sobre o Banco Central do seu país nunca é bem-vista pelo mercado.
Outro ponto de cautela é outra briga judicial que está apenas no início. Na sexta-feira passada, por 7 votos a favor e 4 contrários, o Tribunal de Apelação dos EUA decidiu que a maior parte das tarifas impostas por Donald Trump a diversos países é ilegal. Essa decisão ocorreu por conta de uma ação movida por 12 pequenas empresas e estados dos EUA em abril desse ano.
Trump promete recorrer a decisão na Suprema Corte norte-americana. E enquanto não houver uma decisão da Suprema Corte, que pode demorar até 1 ano, segue valendo o tarifaço. Mas esse impasse traz incerteza ao mercado. E algo que os investidores não gostam é de incerteza, o que aumenta aversão ao risco.
Porém, apesar dessas adversidades, o mercado segue confiante que a taxa de juros nos EUA irá recuar ainda esse mês, o que tira a força de alta do dólar. Hoje, dados do ISM Indústria vieram mais fracos que o esperado, reforçando a visão de que há espaço para corte de juros, o que tirou parte do folego do dólar mais cedo. Por isso, a redução dos ganhos da moeda norte-americana no exterior e aqui também.
Já no Brasil, o dia começou com o PIB do segundo trimestre registrando crescimento ligeiramente acima do esperado (Real: 0,4%/Expectativa:0,3%), mas bem abaixo da medição do primeiro trimestre (1,2%). A forte desaceleração foi motivada pela queda trimestral de 2,2% da Formação Bruta de Capital Fixa (investimento) e da desaceleração do consumo das famílias (de 1% para 0,5%).
A elevadíssima taxa de juros no Brasil (mais alta em 19 anos) é a causa da retração dos investimentos e desaceleração do consumo das famílias.
E por fim, os investidores brasileiros temem novas retaliações dos EUA com o início hoje do julgamento do ex-presidente, Jair Bolsonaro, no STF.
Portanto, o dia é marcado por receios internos e externos que trazem pressão contra a moeda brasileira e o Ibovespa (queda de 0,65%).
Para o resto da semana, muita atenção ao Payroll na sexta-feira (05). Se o dado vier em linha ou abaixo do esperado, o apetite ao risco observado nas últimas duas semanas voltará com força, pois sacramentará queda de juros pelo Fed esse mês e, possivelmente, em outubro. Juros nos EUA para baixo, é preço dos ativos de risco para cima.