PSF: 09_12_2024
O dólar comercial segue em disparada no Brasil nessa quarta-feira. Após ter batido R$ 6,2065 na máxima intradiária na sessão de ontem, o preço da moeda norte-americana volta a encostar no nível de R$ 6,20 nesse momento.
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E os fatores para a disparada hoje são externos e internos.
Lá fora, o dólar IDX (contra cesta de moedas de países desenvolvidos) opera com ganhos de 0,2%, refletindo a preocupação dos investidores de que o Fed na decisão de juros de hoje venha a sinalizar interrupção no ciclo de corte de juros para as reuniões do primeiro trimestre do ano que vem. Vale salientar, que o dólar IDX está próximo das máximas desde novembro de 2022.
Para a decisão de hoje (16 horas Brasília), o Banco Central da maior economia do mundo deverá reduzir em 0,25 p.p., levando a taxa para entre 4,25% e 4,50%. Esse corte já está precificado pelo mercado. Mas o que preocupa são os próximos passos. Por isso, muita atenção a atualização da projeção para os juros nos EUA ao final de 2025, 2026 e 2027 que o Fed fará hoje.
Se de fato sinalizar para uma parada nas próximas duas reuniões, o dólar tende a ganhar ainda mais folego no exterior, o que prejudicaria ainda mais as moedas emergentes, como o Real.
E internamente, a frustração com plano fiscal divulgado pelo governo no fim do mês passado, segue pressionando nossa moeda e segue sendo o principal fator para o péssimo desempenho do Real nas últimas três semanas.
O governo teve a oportunidade de ganhar um pouco de credibilidade da sua gestão fiscal junto ao mercado e derrubar o dólar para R$ 5,50, mas por populismo, jogou a oportunidade na privada e puxou a descarga. Agora, o governo que aguente a pressão.
A sugestão de aumento da isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil foi um tiro de bazuca no próprio peito do governo e transformou o pacote de corte em algo para “inglês ver”. Agora chegou à conta e o governo vai precisar se esforçar muito para mudar o quadro atual de total descrença dos investidores na capacidade do governo em corrigir a rota. E tudo leva crer pelas falas recentes do presidente Lula de que ele não quer essa correção. Depois não adianta chorar.
Portanto, risco de juros mais alto e perda do governo brasileiro por completo da credibilidade junto ao mercado sobre sua capacidade em melhorar as contas públicas, puxam o dólar no Brasil hoje para uma nova máxima histórica. E o Banco Central pode intervir a vontade que não vai mudar a tendencia altista de curto prazo no país. Somente uma mudança de postura do atual governo seria capaz.
A aprovação do plano fiscal hoje no Congresso pode até trazer um alívio pontual, mas não muda viés negativo de curto prazo para nossa moeda.