Na contramão do movimento de depreciação ao redor do mundo, a moeda norte-americana opera em alta no Brasil hoje, voltando a ficar acima de R$ 5,70.

• USDBRL: +0,35% @ 5,7121

Lá fora, o dólar IDX (contra cesta de moedas de países desenvolvidos) registra queda de 0,21%, enquanto que outras moedas de países emergentes sobem entre 0,1% a 0,3% frente ao dólar americano.

Esse descolamento no Brasil com o resto do mundo ocorre por conta do dado do IPCA-15 de outubro pelo IBGE, que mostrou uma inflação acima do esperado pelo mercado. No período, foi registrado alta mensal de 0,54% ante projeção de 0,5%. Em setembro, esse indicador havia registrado alta de 0,13%. Já no acumulado em 12 meses, houve um salto de 4,12% no mês passado para 4,47% em outubro, também superando as projeções dos analistas (4,43%).

A inflação acima do esperado, impulsiona a curva de juros futuros, que por sua vez, coloca pressão de alta no dólar, pois há um risco maior da inflação no país ficar acima do teto da meta desse ano, que é de 4,5%. Ou seja, uma piora de risco-país.

O forte aumento dos gastos do governo, impulsionando a demanda interna, e a seca pela qual o país passou no terceiro trimestre, são fatores de pressão inflacionária no Brasil nesse momento.

O dado do IPCA-15, que serve de prévia para o IPCA, reforça a visão do mercado de é que necessário para “ontem” uma política de corte de gastos por parte do governo para que a inflação não supere o teto da meta. Mas como o governo segue ainda apenas no campo da promessa, o mercado brasileiro acaba estressando.

A equipe econômica promete para a partir da semana que vem entregar uma série de medidas para contenção das despesas. Mas elas precisarão ser aprovadas pelo presidente Lula. E aí que mora o perigo e o mercado teme que ele venha a desidratar as medidas.

Analistas comentam que será necessário um pacote de corte de gastos acima de R$ 40 bilhões para colocar a casa minimamente em ordem e que qualquer valor abaixo disso, seria negativo para os nossos ativos.

Portanto, o mercado espera ansiosamente pelas medidas que deverão ser anunciadas nas próximas semanas para ver se há ou não um mínimo de comprometimento do atual governo com as contas públicas. Por enquanto, os investidores seguem céticos sobre o comprometimento do governo com a política fiscal e cansados de promessas que não se concretizam.

Enquanto o pacote não vem, não só o real é penalizado hoje pelo IPCA-15, como o Ibovespa passa a ter mais um dia de queda. O principal índice acionário do país recua nesse momento 0,2%, também descolado do movimento das altas das bolsas nos EUA e Europa.