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Trigo | Mercado Brasileiro: Breve panorama sobre a safra 2024

Por: Giulia Zenidin
Artigo, Trigo
Publicado em: 11/07/2024 16:48

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Hoje tivemos o levantamento da safra de grãos da Conab. Para o trigo, a produção esperada no relatório de julho é de 8,955 Mi t, queda em relação a estimativa de 9,065 Mi t de junho.

O ajuste foi motivado por um corte na área cultivada com trigo na nova temporada, saindo de 3,078 milhões de hectares em junho para 3,069 milhões de hectares em julho.

Os níveis de produtividade, saíram de 2,945 kg/hectare de junho, para 2,917 kg/hectare em julho.


AS DIFICULDADES PARA O TRIGO NO RS

Para a Agrinvest a Conab ainda foi um pouco otimista em seu levantamento, uma vez que nesta temporada o Rio Grande do Sul, o maior estado produtor de trigo do Brasil, está enfrentando fortes dificuldades para finalizar o seu plantio que está atrasado.

Sabe-se que uma janela de plantio fora do ideal para o trigo no RS, aumenta o risco de perdas de rendimento e qualidade. Isto porque, ao invés da colheita ser realizada durante os meses de outubro a novembro, o período de colheita se alonga para dezembro e janeiro, onde ocorrem grandes volumes de chuvas com a chegada do verão. A colheita atrasada do trigo também interfere drasticamente no calendário do plantio da soja e por isso, precisamos ficar atentos a este ponto.

Lembrando que devido as inundações do mês de abril, boa parte dos solos gaúchos passaram por lixiviação, levando parte dos nutrientes do solo. Neste contexto, os níveis de produtividade devem ser menores este ano também em virtude da baixa fertilidade do solo. Devido as chuvas recentes que impediram a continuidade do plantio, alguns produtores abandonaram suas lavouras. Muitas lavouras já implantadas também sinalizam baixo nível de emergência do trigo, devido ao impacto das precipitações.

No Paraná, o clima está favorável atualmente, mas durante os meses de abril e início de maio, a falta de chuvas em importantes regiões produtoras, envolvendo o Oeste e Norte do Estado, causaram redução nos níveis de produtividade do trigo e queda nas condições das lavouras. Em contrapartida, tivemos um rápido avanço no plantio, antecipando a janela de colheita para os meses de agosto e setembro, o que será muito favorável para o calendário de plantio da soja.


BRASIL SEGUIRÁ DEPENDENTE DA IMPORTAÇÃO DE TRIGO

Enfim, ao falarmos de uma produção na faixa de 8 milhões de toneladas para o trigo e tendo uma demanda anual de 12,5 milhões de toneladas, o Brasil continuará dependendo do trigo importado durante a entressafra na temporada 24/25. Pelo menos metade da demanda de importação, estimada pela Agrinvest em 6,5 milhões de toneladas, deverá ser suprida pela Argentina, país este que possui uma projeção de recuperação na produção para a nova temporada.

Neste contexto, após a passagem da colheita, o Brasil deve permanecer com seus preços alinhados à paridade de importação, trazendo um suporte para os preços locais. Aliás, diante da quebra da safra 23/24 é este panorama que vivenciamos atualmente, onde há pouca oferta e pouca liquidez para o trigo disponível e boa parte do que vem sendo consumido pelos moinhos vem da importação.


IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE TRIGO EM 2024

Falando em importação, os dados da Secex mostram que de jan-maio de 2024, o Brasil importou 2,766 milhões de toneladas de trigo ante um ritmo de apenas 1,757 milhões de toneladas no mesmo período do ano passado. As importações de trigo em maio foram de 657 mil toneladas, sendo este o maior volume desde o mês de março de 2020.

Já as exportações de trigo pelo Brasil contam com 2,176 milhões de toneladas entre jan-maio de 2024, contra um ritmo de 1,881 milhões de toneladas do mesmo período do ano anterior. Este aumento se justifica pela queda na qualidade do trigo do Rio Grande do Sul safra 23/24 afetado pelas chuvas, onde boa parte da produção não pôde ser absorvida pelos moinhos e acabou sendo destinada compulsoriamente para a exportação.

 


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