PSF: 05_05_2025
O dólar comercial opera nessa terça-feira em queda, estendendo o movimento das quatro sessões anteriores. Com o recuo de hoje, o dólar comercial renova a mínima desde o dia 18 de setembro, quando fechou cotado a R$ 4,8556. Portanto, o menor patamar em 50 dias.
Na semana passada, a melhora do humor no exterior foi o fator crucial para o dólar comercial ter acumulado queda de 2,3% no período.
Já para essa semana, o dólar no exterior voltou a apreciar em movimento de ajuste a forte queda de 1,2% na semana passada. Mas o Real ignora o movimento externo e juntamente com o peso colombiano, são as duas únicas divisas a registrarem ganhos frente à moeda norte-americana nas duas primeiras sessões da semana.
E o motivo para esse descolamento do movimento externo é o forte fluxo comercial que tem entrado no país ao longo desse ano. Até outubro, o saldo da balança comercial brasileira acumula em 12 meses superávit de US$ 90,5 bilhões, valor recorde histórico.
A super safra de soja e milho, aliado ao preço elevado do petróleo no mercado internacional, tem proporcionado recorde de exportação em dólar para as commodities brasileiras, que por sua vez, garantem esse excepcional desempenho da balança comercial do nosso país.
Refletindo esse cenário bastante benigno, o fluxo comercial no Brasil no acumulado do ano até outubro registra saldo positivo de US$ 45,2 bilhões, o maior volume superavitário para essa época desde 2007.
E o cenário para fluxo comercial deverá seguir crescendo até início do ano que vem e dependerá do tamanho da safra de soja e milho para manter o forte volume de exportações do país ao longo de 2024.
Outro ponto positivo para a apreciação do Real nessa semana é a expectativa pela aprovação da reforma tributária. Hoje o texto será votado na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado e sendo aprovado irá amanhã para o plenário da casa alta do legislativo brasileiro para os senadores discutirem e votarem.
Será preciso três quintos dos votos dos 81 senadores para que a reforma tributária seja finalmente aprovada no país. Ou seja, serão necessários 49 votos a favor e o governo estima ter nesse momento entre 53 e 55 votos para a aprovação da reforma tributária. Vale ressaltar, que desde 1995 essa reforma é discutida no legislativo do país.
Na ponta contrária, o risco para esse cenário positivo para a moeda brasileira é a política fiscal, que ainda é cercada de muitas incertezas, com o governo pendendo para revisar para baixo a meta do resultado primário para o ano que vem. Caso ocorra essa revisão, poderemos ter pressão pontual de alta para o dólar, o que anularia temporariamente o fundamento de queda (forte fluxo comercial e taxa de juros atrativa) para o dólar no Brasil no médio prazo.