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🚨 ALERTA 2: Copom surpreende com corte de 0,5 p.p. na taxa Selic

Por: Equipe Agrinvest
Alerta, Macro
Publicado em: 02/08/2023 19:49

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O Comitê de Política Monetária (COPOM) do Brasil, acabou de definir a meta da taxa Selic para os próximos 49 dias. Surpreendendo a expectativa da maioria mercado que apostava em um corte de 0,25 p.p., a taxa de juros no Brasil foi reduzida em 0,50 p.p., recuando de 13,75% para 13,25%.

Dessa forma, a nossa autoridade monetária interrompeu uma sequência de sete reuniões seguidas em que havia mantida a taxa Selic inalterada. Vale salientar ainda, que esse foi o primeiro corte de juros no Brasil em três anos. A última vez havia ocorrido em agosto de 2020, quando reduziu de 2,25% para 2,00% ao ano.

A forte desaceleração da inflação acumulada em 12 meses no país, quando recuou de 12,13% em abril de 2022 para 3,16% em junho desse ano, abriu espaço para o Copom iniciar na decisão de agosto o ciclo de queda de juros.

Ademais, a expectativa inflacionária para esse ano tem recuado de forma significativa nos últimos três meses, ficando quase em linha com o teto da meta de inflação e é outro fator que motivou o corte na taxa Selic nessa quarta-feira.

No final de abril, o mercado projetava IPCA em 6,05% para 2023. Já na última estimativa (28/julho), havia recuado para 4,84%, muito próximo do teto de 4,75%.

Portanto, a somatória da inflação cadente e expectativa inflacionária melhorando significativamente, abriu espaço para que a nossa autoridade monetária tivesse iniciado hoje o ciclo de queda de juros no Brasil.

Em linha com essa visão, a nossa autoridade monetária disse: “O Comitê avalia que a melhora do quadro inflacionário, refletindo em parte os impactos defasados da política monetária, aliada à queda das expectativas de inflação para prazos mais longos, após decisão recente do Conselho Monetário Nacional sobre a meta para a inflação, permitiram acumular a confiança necessária para iniciar um ciclo gradual de flexibilização monetária”.

E continua: “Considerando os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 13,25% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau menor, o de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”.

Mais um fato também ajudou ao Copom a tomar a decisão de hoje. Trata-se da meta inflacionária para o longo prazo. Em junho, o CMN (Conselho Monetário Nacional) decidiu estabelecer em 3% o centro da meta de inflação para os anos a partir de 2026, sem estipular um calendário-ano. Dessa forma, o Brasil se igual a EUA e Zona do Euro que também adotam uma meta inflacionária contínua sem ano estabelecido.


PLACAR DA DECISÃO FOI APERTADO

Todos os nove membros votaram pela queda da taxa Selic, como era esperado. Mas o placar sobre a magnitude foi apertado. Cinco membros votantes, entre eles, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, votaram por um corte de 0,5 p.p., enquanto que quatro integrantes optaram por uma redução mais conservadora, de 0,25 ponto percentual.

Pesou favoravelmente para um corte de 0,5 p.p. a presença dos dois novos diretores do Banco Central (Gabriel Galípolo e Ailton de Aquino Santos) que foram nomeados pelo governo Lula e votaram pela redução maior na taxa de juros. 

Já era esperado que não houvesse todos os membros votando no mesmo nível de corte, mas o placar apertado chama atenção. Vamos ver se o mercado vai ignorar ou não essa questão. Eu diria que será ignorado. Mas só amanhã saberemos.


COPOM CONTRATA NOVAS QUEDAS DE 0,5 P.P. ATÉ O FIM DE 2023

Até o final desse ano haverá mais três decisões do Copom e para elas, a nossa autoridade monetária no comunicado de hoje já contratou mais três cortes de 0,5 p.p., o que tende a levar a taxa Selic a encerrar em 2023 em 11,75%.

De acordo com o comunicado: “A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação com reancoragem parcial, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária. Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário. O Comitê ressalta ainda que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”.

Vale salientar, que não há surpresa nessa expectativa de três cortes de 0,5 p.p. nas últimas reuniões desse ano. O mercado já vinha precificando esse movimento. Por conta disso, a expectativa era que a Selic encerrasse 2023 em 12%, 0,25 p.p. acima do que deverá ocorrer. Ou seja, sem surpresa significativa.


DECISÃO NÃO DEVERÁ IMPULSIONAR O DÓLAR NO BRASIL

Muito se fala de alta do dólar quando o Copom inicia um ciclo de queda de juros. Mas isso não necessariamente ocorre na prática. Tudo depende do diferencial de juros e da taxa de juros real do país.

E nesse caso, tanto o diferencial da taxa de juros quanto a taxa de juros real seguirão elevadas e atraentes para o nosso país seguir atraindo capital estrangeiro para operações de carry trade (arbitragem de juros). Para o fim de 2023, o diferencial de taxa de juros deverá ficar em torno de 6,25 p.p. (Selic: 11,75% x Juros EUA: 5,50%), o que será maior que a taxa de juros nominal dos EUA.

No curtíssimo prazo, poderá até dar mais um folego para o dólar no Brasil, buscando se aproximar de R$ 4,90, mas para o curto prazo a tendencia é se acomodar ao redor de R$ 4,80 e para o médio prazo (12 meses), segue o viés de queda para a moeda norte-americana.

Outro ponto que tende a segurar a alta do dólar no Brasil é o fluxo estrangeiro para a bolsa de valores. Com a queda de hoje acima do esperado, a tendencia é o Ibovespa engatar uma sequencia de alta, caso o humor externo não atrapalhe, e isso, tende a trazer fluxo gringo para a bolsa brasileira.


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