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📊 Gráfico do dia: A gasolina da inflação no Brasil é Podium

Por: Thiago Davino
Gráfico, Macro
Publicado em: 09/09/2021 10:12

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O IBGE divulgou há pouco o IPCA de agosto, que registrou alta mensal no período de 0,87%, acima do esperado pelo mercado (0,71%). Entretanto, o número ficou um pouco abaixo do reportado em julho (0,96%). Vale salientar ainda, que a alta mensal em agosto foi a maior para esse mês desde 2000.

No acumulado do ano, a inflação já registra alta de 5,67% e no acumulado em 12 meses subiu 0,69 p.p., passando de 8,99% para 9,68%, muito acima do teto da meta (5,25%). A alta acumulada em 12 meses é a maior desde fevereiro de 2016 (10,36%).


COMBUSTÍVEIS E ALIMENTOS PUXAM INFLAÇÃO EM AGOSTO

Dos nove grupos pesquisados, oito registraram alta mensal. O maior impacto inflacionário (0,31 p.p.) foi do grupo transportes, com forte alta mensal de 1,46%, após disparada de 1,52% no mês anterior.

A contínua alta no preço dos combustíveis foi o maior peso sobre esse grupo, com forte alta de 2,96% em agosto, após alta de 1,24% em julho. Entre os combustíveis, destaques para: gasolina (2,80%), etanol (4,50%), gás veicular (2,06%) e óleo diesel (1,79%).

Além dos combustíveis, outros itens trouxeram pressão inflacionária para o grupo de transportes. O preço dos automóveis usados subiu 1,98% e os automóveis novos registraram alta de 1,79%. Também chama a atenção produtos e serviços relacionados ao setor automotivo. Óleo lubrificante registrou alta 1,74%, pneu de 1,43% e conserto de automóveis 1,09%.

Outro grupo que impactou (0,29 p.p.) a inflação foi alimentação e bebidas. Em agosto esse grupo reportou forte alta mensal de 1,39%, após alta de 0,60% em julho. O custo da alimentação no domicílio registrou alta de 1,63% em agosto, com destaques para: batata-inglesa (19,91%), café moído (7,51%), frango em pedaços (4,47%), frutas (3,90%) e carnes (0,63%).

Já na alimentação fora de casa também tivemos uma aceleração no custo, passando de 0,14% em julho para 0,76% em agosto. Nesse item, pesaram: lanche (1,33%) e refeição (0,57%).

Os outros seis grupos que tiveram alta mensal em agosto foram: habitação (0,68%), Artigos de Residência (0,99%), Vestuário (1,02%), Despesas pessoais (0,64%), Educação (0,28%) e Comunicação (0,23%).

Na ponta contrária, o grupo de saúde e cuidados pessoais reportou leve queda de 0,04%.


APESAR DA DESACELERAÇÃO, A SITUAÇÃO É PIOR DO QUE PARECE

Quando o olhamos os números separadamente, percebemos que a inflação em agosto pirou em relação a julho, apesar do número cheio ter vindo um pouco menor. Isso porque em julho, o grupo habitação teve enorme impacto sobre a inflação de julho, com alta de 3,10%, por conta do reajuste da tarifa elétrica. Somente esse grupo foi responsável por 50% da alta de julho.

Agora em agosto, a alta ficou mais espelhada entre os outros grupos, denotando uma forte disseminação na alta dos preços nos país. Mostra disso, que dos oito grupos que registraram alta mensal, seis registraram aceleração na inflação, além dos transportes que seguiu em nível elevado.

Diante desse quadro, a tendência é as instituições financeiras seguirem elevando suas expectativas com relação a taxa Selic para esse ano. Atualmente, o Relatório Focus indica estimativa de juros ao fim de 2021 em 7,75%. Porém, já tem instituições projetando 9,25% e diante do quadro de grande disseminação de inflação sobre praticamente todas as atividades econômicas, é provável que as estimativas sigam subindo e se aproximem dos dois dígitos.

Além do atual quadro de força da inflação, a expectativa para ano que vem também vai piorando. A crise institucional pela qual está passando o país, manterá os investidores estrangeiros avessos a colocar dinheiro no Brasil, trazendo pressão de alta para o dólar, o que tende a agravar ainda mais o quadro inflacionário no curto e médio prazo. Copom terá que usar uma mão bastante pesada ao realizar aperto monetário para buscar trazer a inflação para o centro da meta no ano que vem, que será de 3,5%.


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